quinta-feira, fevereiro 22, 2007

"Tudo bem?"

Olá! Cheguei, de novo!
Está tudo bem?
Estranho como, hoje em dia, todos respondem "Sim, obrigado, e contigo?", havendo logo a resposta do costume "Também, obrigado!"Às vezes, todos se apercebem da ironia do nosso "Sim, obrigado", ou não? Até nós nos sentimos, por vezes, envergonhados por mentirmos assim, de maneira tão fria. Nunca vos aconteceu? A mim, já...
Às vezes fico a pensar... o que aconteceria, se eu dissesse "Não, não estou muito bem...", mesmo que fosse acompanhado por um sorriso? Talvez só encolhessem os ombros e, finalmente respondessem "Nem eu". Ou talvez dessem um pouco mais de atenção ao que acabámos de dizer. Afinal... Alguém que diz o que pensa, sem estar com pormenores cívicos... merece respeito pela sua admirável coragem!
Por outro lado, se nos levassem a mal, estaríamos condenados a um "Teve logo que dizer que as coisas não vão bem!". E aí? O que é que se pode fazer? Não há quem nos compreenda de verdade, neste mundo. Nem mesmo aqueles que se dignam a chamar-se de «nossos amigos», às vezes compreendem o quanto precisamos de desabafar!Apetece odiar, não é? Apetece esquecer que o mundo existe e ficar, para sempre, debaixo de um cobertor com cinco quilos para que não se lembrem mais que existimos!
As viagens de transportes públicos, por exemplo. Lembro-me de já ter falado nisso... Tantas caras, tantas expressões... Esperem! Não há expressões nas caras da pessoas, quando viajam de transportes públicos! É como se estivessem sós no meio de tanta gente... "é como"? Não estamos todos sós quando viajamos de autocarro? Talvez levamos companhia, alguém que vai para o mesmo sítio que nós... E então? Tão poucas pessoas são capazes de manter uma conversa nos transportes públicos! É como se houvesse um filtro de emoções à entrada!
Mas, quando há quem fuja a esse filtro e ria ou chore, todos os outros acham que endoideceu!
Lembro-me de irmos de comboio, eu, a Sara, a Ana e a Margarida. As últimas duas estavam literalmente na paródia! Havia, até, perto de nós, um rapaz que ria de tudo o que elas diziam. Parece que elas deram cabo do filtro de emoções, nessa viajem, para algumas pessoas que nos rodeavam! Quando penso nisso, lembro-me de dizer que "Os transportes públicos já são melancólicos por si só, não há mal nenhum em alegrar o ambiente!"
Mas, e se precisas de ajuda? E se queres que te estendam a mão e digam "Podes falar, eu também tenho problemas e sei o que estás a sentir. Hoje, vou esquecer o que me preocupa e estender-te a mão."? Pois é, quantos de nós não pensam que «os outros» podiam ser assim? E nós? Que fazemos nós para que «os outros» não pensem isso de nós?
O ser-humano é egoísta, não é novidade! E todo o ser-humano tem problemas! Mas... que tal deixarmos esses problemas de lado e... não sei... ajudar «os outros», para que «os outros» possam, mais tarde, ajudar-nos a nós?Vamos todos pensar no assunto, vamos?
Para todos esses problemas que te rodeiam, só posso dizer uma coisa:

domingo, fevereiro 04, 2007

A Flor do Sonho

A Flor do Sonho, alvíssima, divina,
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.

Pende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!...
Milagre... fantasia... ou, talvez, sina...

Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?!...

Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minh’alma
E nunca, nunca mais eu me entendi...

Florbela Espanca
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